Segurança depende de hábitos internos

Para reforçar a segurança dos moradores, muitos condomínios se cercam de câmeras, grades e guaritas blindadas. No entanto, nem sempre esse tipo de medida basta, já que o perigo pode estar do lado de dentro.

Segundo a Polícia Civil, em cinco casos resolvidos dos seis “arrastões” em condomínios que aconteceram na zona sul de São Paulo neste ano, “houve a conivência de funcionários”. Todos os prédios invadidos eram de alto padrão -dois na Vila Mariana, dois no Brooklin e dois em Moema, “mais do que em 2003″, compara Aldo Galiano Junior, 52, delegado da seccional sul.

A principal explicação para esse ponto fraco é o despreparo dos empregados, avaliam especialistas. As invasões seguem um padrão. “Um empregado do prédio é aliciado com ofertas de participação na partilha e fornece pistas”, explica Galiano Junior.
Benny Zolondez, 31, diretor da Icat Global, especializada em segurança, confirma que a informação geralmente vem de dentro. “Falar demais, às vezes por ingenuidade, é o erro mais comum.”

As entradas do condomínio são as principais vias de acesso dos invasores. No edifício Leblon, em Moema, por exemplo, eles usaram um controle remoto clonado.
“É fácil copiar a freqüência de transmissão desse tipo de aparelho”, observa Chen Gilad, 26, diretor de planejamento do Grupo Haganá, especializado em segurança de condomínios.

Como as garagens também são pontos suscetíveis a invasões (em cinco das ocorrências, foi por ela que os assaltantes entraram), Gilad recomenda que os portões sejam controlados apenas por uma botoeira fixa na guarita. Além disso, a vistoria deve se ater aos ocupantes do veículo, já que até os carros podem ser clonados.

Blindado
No edifício Correggio, em Moema, outro procedimento básico foi desrespeitado. Os bandidos pularam o muro de três metros de altura e renderam o porteiro e o vigilante que estavam na guarita, mas com a porta aberta. “É como andar em um carro blindado com o vidro abaixado”, compara Gilad. “Tomada a portaria, o prédio está dominado.”

Os especialistas ponderam que, apesar de não existir um sistema de prevenção contra roubo 100% infalível, ele tem de ser “um conjunto de ações integradas para chegar a um patamar desejável”, opina Florival Ribeiro, 42, consultor em segurança condominial.

Ou seja, deve conjugar empregados preparados, equipamento eletrônico e condôminos dispostos a colaborar. O planejamento, que não deve dispensar o auxílio de um consultor, “começa com reunião dos moradores para estudar áreas vulneráveis e criar normas de procedimento que possam ser votadas e virar lei no condomínio”, define Ribeiro.

Assim, a colaboração dos moradores é fundamental. “Eles são os primeiros a descumprirem as regras”, diz. “Como quando exigem que a namorada entre no prédio sem ser anunciada e repreendem o porteiro que não obedecer.”

“É preciso sacrificar um pouco do conforto”, adverte o consultor José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional da Segurança Pública. “O morador deve buscar entregas na portaria e não deixar que sejam levadas até o apartamento.”(EDSON VALENTE)

Fonte: O Condominio
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